Balanço do Mercado Imobiliário 2007

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Incorporação Imobiliária

 

Ely Wertheim

 

Em 2008, o mercado imobiliário nacional deu continuidade à trajetória de crescimento iniciada em 2004. Mas apesar das melhorias conquistadas, o mercado continua a enfrentar velhos problemas recorrentes, como a Lei de Zoneamento, enorme burocracia na aprovação de projetos, custos cartorários, impostos e taxas, escassez de terrenos e aumento nos custos da construção.

Além das interferências internas, a partir de setembro os empreendedores começaram a sentir os reflexos da crise financeira internacional, iniciada nos Estados Unidos em meados de agosto de 2008. Um dos efeitos mais imediatos foi a diminuição da oferta de crédito, oriunda de medidas desnecessárias de precaução de alguns bancos.

Após intervenção do Secovi-SP e da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), o governo, por meio da Caixa Econômica Federal, lançou linha de crédito específica para empresas da construção civil. As entidades também desenvolveram com a Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança) forte trabalho para restabelecer o crédito imobiliário à produção e comercialização de imóveis.

Conforme dados da Abecip, em agosto foram financiadas 34.749 unidades, com a contratação de R$ 3,481 bilhões. Somente em valor, o montante registrado superou o ano de 2003, período em que foram aplicados R$ 3,002 bilhões. Em setembro, o volume registrado foi de 29.404 unidades e R$ 2,939 bilhões. Já em outubro, a aplicação atingiu R$ 2,399 bilhões, com o financiamento de 23.371 unidades. Ou seja, em dois meses as operações com recursos da poupança caíram mais de 30%. Mas, comparativamente aos anos anteriores, continuamos a crescer de forma sustentada. Isso comprova que o setor não passou por um “boom”, mas sim manteve o lento processo de retomada após praticamente duas décadas de recessão. Agora, a tendência é de crescimento equilibrado e constante.

O mercado imobiliário deverá reduzir seu ritmo de crescimento no próximo ano, mas acreditamos que não haverá retração em relação a anos anteriores. Deve-se esclarecer que 2007 foi um ano atípico, e que não há segmento econômico capaz de manter altos índices de crescimento o tempo todo.

Do governo federal espera-se a apresentação de medidas de crescimento e incentivo aos financiamentos imobiliários. Afinal, o crédito imobiliário brasileiro ainda é pouco significativo em relação ao PIB (Produto Interno Bruto) e há muito a fazer, como desoneração fiscal na produção de habitações e abatimento na base de cálculo do Imposto de Renda dos juros pagos pelos compradores no financiamento imobiliário.

Em 2009, essa vice-presidência vai trabalhar intensamente para a conclusão da padronização de contratos; para a melhoria do Plano Diretor e da Lei de Zoneamento, que precisam ser revistos; para o aprimoramento das operações urbanas, em particular as da Água Espraiada e Faria Lima, e para o desenvolvimento do mercado secundário. Inclusive, desde novembro de 2008, no âmbito dessa vice-presidência, foi criada a Comissão Consultiva de Produtos Financeiros Imobiliários no Secovi-SP, com representantes de Corretoras de Valores, de Companhias Securitizadoras e do Sindicato, cujos principais objetivos são aperfeiçoar e desenvolver assuntos do mercado financeiro ligados ao mercado secundário, tais como CRIs (Certificados de Recebíveis Imobilários), FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios), FII (Fundos de Investimentos Imobiliários) e debêntures.