Balanço do Mercado Imobiliário 2007

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Mensagem do presidente

 

“Começar de onde estamos”

Caros jornalistas,

Joao Crestana - Presidente do Secovi

Esta é a ideia defendida pelo presidente do Secovi-SP, João Crestana. Na busca por uma cidade melhor, mais igualitária e justa, com poder público e iniciativa privada capazes de valorizar seus cidadãos e proporcionar moradia digna, trabalho, saúde e educação, o dirigente acredita que todos devem ceder em benefício da coletividade

“Vamos começar de onde estamos. Sem deixar o passado de lado, esquecê-lo ou desmerecê-lo. Muito pelo contrário. Os dois últimos anos foram de inúmeras conquistas e vitórias para o setor imobiliário e para a sociedade. Conseguimos provar o quanto o segmento é importante e necessário para o desenvolvimento de uma Nação. Superamos os efeitos de uma das piores crises financeiras internacionais sem grandes abalos ou prejuízos. Fomos interlocutores diretos com o governo federal na elaboração do programa Minha Casa, Minha Vida, primeiro passo para solucionar o deficit habitacional brasileiro de 8 milhões de moradias. Mas é chegado o momento de decidir por quais caminhos o mercado imobiliário e o Secovi-SP devem seguir. Vamos planejar o futuro, com metas de longo prazo, e fortalecer a representatividade política da atividade imobiliária, com legitimidade e ética.”

Assim o presidente do Secovi-SP, João Crestana – que assumiu a direção da entidade por mais uma gestão (2009/2011) –, resume suas metas de trabalho. Pragmático, ele pretende que o Sindicato se torne referência em termos de conhecimento entre os profissionais do setor, as três esferas de governo, o mundo acadêmico e a sociedade. “As inúmeras áreas de atuação da diretoria funcionam como repositórios de dados. Para transformar esse material em informação e, consequentemente, em conhecimento, vamos aperfeiçoar nossas ferramentas educacionais, como a Universidade Secovi, e ampliar nossos estudos na área econômica”, explica Crestana.

A proposta do Sindicato é de se transformar em um centro de disseminação de conhecimentos e local de debate das questões relevantes do setor, em completa sinergia com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), onde Crestana também preside a Comissão da Indústria Imobiliária (CII). “A meta é ambiciosa, mas o Secovi-SP reúne quadro intelectual de alta competência em assuntos imobiliários. Com estudo e dedicação, seremos capazes de influenciar positivamente os governos na elaboração de políticas públicas.”

Mas o fato de congregar boas cabeças do setor somente salienta a necessidade de diálogo com outros importantes pensadores do mercado imobiliário.

“Manteremos a humildade e procuraremos trazer para essa iniciativa o contraditório, ou seja, reunir aqueles que pensam diferentemente de nós, e tornar os debates mais produtivos. As informações sobre as cidades e os rumos da atividade imobiliária no País têm de ser plurais, multilaterais e amplas. Não pode prevalecer a visão pura do empreendedor imobiliário, mas sim a dos cidadãos, dos brasileiros.”
Na avaliação de Crestana, a maior missão do Secovi-SP é conhecer as novas direções da habitação e do desenvolvimento urbano do Estado de São Paulo e, assim, oferecer soluções para o restante do Brasil.

Qualidade e cor

Descobrir as preferências dos consumidores de imóveis, principalmente das famílias de baixa renda, é uma das maneiras de disseminar conhecimento e mudar paradigmas. “Sabe-se que consumidores de mais alta renda têm preferências arquitetônicas leves. Mas, e a população que compõe o déficit de oito milhões de moradias? Por décadas, foram construídas moradias padronizadas, sem conforto e personalidade, que por vezes levaram à criação de guetos, como muitos que ainda existem na cidade de São Paulo. Os consumidores de baixa renda são alegres, confiantes, gostam de cores vivas. E as preferências habitacionais e a qualidade devem ser entendidas e respeitadas regionalmente nesses empreendimentos”, analisa o presidente do Secovi-SP.
Na avaliação de Crestana, o Sindicato pode concentrar informações sobre as características dos imóveis procurados por esses diferentes públicos. “Quais as metragens adequadas para atender o nosso cliente de baixa renda? Existe um déficit composto por pessoas que trabalham, recolhem impostos e vivenciam a dinâmica das cidades. Também há uma demanda orgânica anual aproximada de 1,5 milhão de novos consumidores de imóveis. Estes, muitas vezes utilizam-se da informalidade para obter sua moradia. Temos de compreender sua segmentação e características.”
O programa Minha Casa, Minha Vida, por sua vez, configura-se como primeiro passo de uma política habitacional perene de Estado, de acordo com Crestana. Entretanto, é preciso vontade política e comprometimento com futuro para desenvolver um planejamento estratégico de longo prazo que priorize, principalmente, a destinação de recursos abundantes e permanentes para a habitação. Sugerimos pensar na visão do setor habitacional para 2022, ano simbólico dos 200 anos de Independência. Uma agenda positiva é necessária em razão da realização no Brasil da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016. “Esses eventos são oportunidades para o País se estabelecer, definitivamente, como protagonista mundial. Vamos olhar para o futuro, mensurar a evolução dos segmentos imobiliários e de infraestrutura e, assim, criar um ambiente de desenvolvimento urbano equilibrado, favorável, sem surpresas para empresários, investidores e sociedade em geral. Metas pragmáticas e transparentes conferem a indispensável segurança aos negócios”, opina Crestana.

Representatividade

Como sindicato de classe, o Secovi-SP tem consciência de sua responsabilidade na representação de associados e sindicalizados. Por essa razão, a entidade preocupa-se com as políticas públicas, com visão prognostica de um país melhor. “O setor tem sim interesse em consolidar bairros, cidades, estados melhores. Condomínios bem geridos têm moradores mais conscientes de seus deveres e direitos, o que demanda qualidade empresarial. A ampliação do poder de compra da população leva as empresas a atender uma procura maior, com consequente aprimoramento da tecnologia construtiva, o que faz com que mais pessoas comprem imóveis, contribuindo com a mobilidade social. Esse ciclo virtuoso movimenta toda a economia e impulsiona a geração de empregos”, defende o presidente do Secovi-SP.
O cliente passa a ser aliado do negócio e do desenvolvimento urbano equilibrado, na avaliação de Crestana. “O Secovi-SP trabalha com planejamento e conhecimento das cidades e defende a ocupação urbana equilibrada, com melhoria de mobilidade. É essencial aproximar trabalho e moradia, criando pólos auto-sustentáveis, ou seja, “cidades dentro das cidades”. No Plano Diretor Estratégico existe a previsão para criação de áreas de intervenção urbana e de recuperação, mas as normativas legais requerem aperfeiçoamentos que somente acontecerão com a ativa participação da sociedade.”
A Diagonal Leste – área urbana que se estende da Mooca até o ABC, ao longo do rio Tamanduateí -, por exemplo, está preparada para incorporar esse modelo de modernidade urbana. “Seria interessante aliar os conhecimentos de arquitetos e urbanistas brasileiros e estrangeiros para chegar a um modelo factível de pólos auto-sustentáveis para a cidade de São Paulo”, opina Crestana.
Ele lembra que em Pirituba será construído um grande centro cultural, e a região pode ser boa alternativa para receber um projeto-piloto. “Vamos acabar com visões limitadas de desenvolvimento urbano, algumas vezes alicerçadas em interesses particulares e mesquinhos. A sociedade paulistana deve defender a cidade, com consciência de que todos têm de ceder em benefício coletivo”, conclui Crestana.

João Crestana, presidente do Secovi-SP, da Comissão Nacional da Indústria Imobiliária da CBIC e reitor da Universidade Secovi